terça-feira, 29 de outubro de 2013

Carta do coletivo “O que dizem os Umbigos?!!” em repúdio ao quadro de funcionários da Casa de Cultura Itaim Paulista e ao descaso com os coletivos culturais locais e a comunidade

OcupacaoA Casa de Cultura Itaim Paulista, fundada em 1985 (uma das Casas de Cultura mais antigas de São Paulo) atualmente com 28 anos de existência, encontra-se em estado de desistência e abandono pelo poder público e consequentemente, pelos usuários e artistas, cansados de serem mal recebidos e mal tratados e por terem que lidar com a precariedade não só do atendimento, mas também da limpeza, falta de organização, técnicos e equipamentos
.
Esta Casa é fruto da luta histórica dos movimentos populares de cultura da região. Criada e fundada à partir de dois movimentos populares o EADC e o CAM  (que com as trocas de gestão também foi obrigado a deixar o espaço), há tempos não cumpre seu papel original, enquanto espaço PÚBLICO de cultura. Muitos coletivos após esses tentaram resgatar sua história de luta, levando atividades culturais, sempre em busca de garantir o espaço aos artistas e moradores locais. Ação, infelizmente barrada pelos milhares de problemas que a Casa de Cultura e seus funcionários vem acumulando ao longo do tempo.

Portanto, a Ocupação Cultural “O que dizem os Umbigos?!”, realizada na Casa de Cultura do Itaim Paulista, não é por acaso...mas sim por DESCASO!

Sucateado pela ausência de investimento, estrutura e organização por parte do poder público nas gestões anteriores, permanece na mesma situação na gestão atual. A falta de equipamentos, recursos técnicos, recursos humanos qualificados, organização interna e o descaso com os artistas e a comunidade local é gritante, desumano e infringe o direito à cultura “garantido” na Constituição Federal, assim como na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Mesmo diante desta realidade e tratamento obtido, o Sarau “O que dizem os Umbigos?!” (que em 2013 completou 4 anos de (r)existência), realizou por 3 anos esta atividade no espaço mencionado, sujeito à boicotes de todos os gêneros. Porém, exaustos de enfrentar os desmandos de um local público, gerido de maneira privada, os Umbigos passaram a realizar o Sarau, na Escola de Samba Unidos de Santa Bárbara (também no Itaim Paulista), afim de garantir a realização efetiva desta ação cultural, assim como atender dignamente os artistas e público participante.

Entretanto, entendendo este espaço como direito e conquista do poder popular, o coletivo “O que dizem os Umbigos?!” não se isentou da necessidade de continuar lutando para que a Casa de Cultura seja, de fato, do Itaim Paulista. E para tanto, criou uma ação de Ocupação Cultural neste espaço, recebendo mensalmente, artistas parceiros para desenvolver alguma atividade artística aberta ao público. Esta ação, não só compõe a agenda da Casa, desde Julho, como, nesta edição, também integra a programação da 1ª Mostra Cultural das Periferias -#pelaleidefomentoàperiferia, organizada pelo Fórum de Cultura da Zona Leste.

No último sábado, dia 26/10, o coletivo convidado a fazer a Ocupação Cultural junto com os Umbigos foi o SLAM da Guilhermina. A Atividade foi realizada no horário previsto e dentro das condições estabelecidas pelo espaço, entretanto, ao final da ação (por volta das 21h), enquanto os coletivos e o público presente registravam algumas fotos e guardavam os materiais para deixar a Casa, um dos funcionários apagou as luzes com todos dentro do espaço, alegando que “deu o horário dele”.
Na tentativa de conversar a respeito do ocorrido, questionar a sua atitude e expor a necessidade de que, enquanto funcionário público, ele deveria acompanhar a atividade até o final, aguardando minimamente as pessoas saírem da Casa, antes desligar as luzes do espaço, o mesmo funcionário respondeu com a seguinte frase: “deu minha hora, eu desligo mesmo!” e fechou a porta na cara de todos: coletivo organizador (O que dizem os Umbigos?); coletivo convidado (SLAM da Guilhermina); e público presente (comunidade local e de outras regiões).

Botados para fora com as bolsas abertas, materiais por guardar e lanche dos convidados nas mãos (que aliás, tivemos que retirar à força da cozinha, pois nem isso ele se propôs a esperar), restou-nos a possibilidade de nos reunir na praça, em frente à Casa de Cultura, para organizar as nossas coisas antes de ir embora e compartilhar com os presentes um pouco de comida, indignação e a certeza do motivo pelo qual realizamos esta ocupação.

Esta não é a primeira vez que acontece este tipo de atitude desrespeitosa com quem deveria ser muito bem recebido nesta Casa e este não á um caso isolado e restrito ao Coletivo “O que dizem os Umbigos?!, mas sim uma realidade presente e gritante em grande parte dos espaços públicos, cuja estrutura não atende as atividades locais e funcionários despreparados e inconscientes do seu papel nestes espaços, literalmente, fecham as portas para ação cultural e para comunidade local.

Mediante uma luta histórica, somada à inúmeras reclamações e manifestações feitas, por diversos coletivos em prol do melhor funcionamento das Casas de Cultura, assim como de outros espaços públicos, questionamos a manutenção deste quadro e reiteramos a necessidade URGENTE de que alguma providência seja imediatamente tomada. Pois, já estamos cansados de #discursosemSP e o que queremos e necessitamos é de #atitudesemSP! Que tal agora?

DEMANDAS URGENTES IMPRESCINDÍVES E ÓBVIAS!!!

Devolução imediata da Gestão das Casas de Cultura para a Secretaria Muncipal de Cultura;
Orçamento próprio e transparência orçamentária do espaço;
Reforma da Casa (atualmente encontra-se depredada, como a porta grande de ferro da entrada quebrada, vazamento nos banheiros; bebedouros enferrujados);
Pessoal capacitado para os respectivos cargos (isso implica na troca de todos os funcionários atuais);
Permanência da Coordenação no espaço e acompanhamento das atividades culturais, durante sua carga horária de trabalho;
Contratação de técnicos de som, equipe de divulgação, bibliotecários, técnicos de luz, seguranças, faxineiros, oficineiros, atendentes, etc
Compra e manutenção de equipamentos necessários para realização das atividades;
Equipamentos de Luz e Som de qualidade;
Manutenção de banheiros, bebedouros, etc.;
Trabalho de divulgação da Casa (informativos e agenda que cheguem ao conhecimento da população, não só sua existência como também as ações desenvolvidas no local);
Programação Compartilhada e fiscalização popular;
Liberdade de uso do espaço sem a necessidade de ofícios burocráticos (em situações em que a Casa encontra-se vazia);
Organização para o uso de equipamentos, (que devem ser marcados, desmontados e guardados pelos técnicos de som contratados após os eventos);
Mudança do horário de fechamento da Casa de Cultura, para, no mínimo 22h.

Sarau “O que dizem os Umbigos?!”
“...e o último a sair, ACENDE A LUZ!”

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